sem esbarro
estrago
sou quase inteiro
quando caio
cravo pedaço
roxo
torto
mundo que não
me cabe
12 de dezembro de 2007
Outros
meus outros
não pertencem
se estendem
outros são seus
essa é minha
dor
dos outros
risco o marco
pele e fato
invenção do esboço
rabiscos de outros
em mim
traço
quero mil
não paro
ninguém ao quadrado
todos
todos
minguados
outros com biscoitos
coitos
sozinho não falho
por acaso esse destino é seu
outros
meus outros
sempre dando adeus
não pertencem
se estendem
outros são seus
essa é minha
dor
dos outros
risco o marco
pele e fato
invenção do esboço
rabiscos de outros
em mim
traço
quero mil
não paro
ninguém ao quadrado
todos
todos
minguados
outros com biscoitos
coitos
sozinho não falho
por acaso esse destino é seu
outros
meus outros
sempre dando adeus
10 de dezembro de 2007
22 de novembro de 2007
14 de outubro de 2007
29 de setembro de 2007
ter a felicidade do segundo
após a dor de dedo
a ambição me pertence
partir agora por vias várias
ter tudo
do despudor
ao nada
ver surdo
o amor na estrada atropelada
ter este tarde que me acompanha
dissolver quadrados
meu mundo abstrato
ter o que me têm
escravizar
jaula, retrato
anestesio meu comando
ali no chão
após a dor de dedo
a ambição me pertence
partir agora por vias várias
ter tudo
do despudor
ao nada
ver surdo
o amor na estrada atropelada
ter este tarde que me acompanha
dissolver quadrados
meu mundo abstrato
ter o que me têm
escravizar
jaula, retrato
anestesio meu comando
ali no chão
nessas lascas no rosto passam paisagens
vejo espelhos velhos,
nas ruas
peles lisas
os olhos fraquejam miragens e coisas ao lado
paro em mãos sadias de vontade
esperei muito desse tempo longo
que coroe
e em mim passa
entrego em brancos pêlos minha
dor
mais completa missão do tempo
acolhendo os que em lágrimas descem
vejo espelhos velhos,
nas ruas
peles lisas
os olhos fraquejam miragens e coisas ao lado
paro em mãos sadias de vontade
esperei muito desse tempo longo
que coroe
e em mim passa
entrego em brancos pêlos minha
dor
mais completa missão do tempo
acolhendo os que em lágrimas descem
11 de setembro de 2007
nudez do papel
virado
discurso ao contrário
distraio olhando
penso concentrado
meu sapato apertado
ventos, paredes
retraio
discurso meu impulso de ficar parado
disponho
de castanheiras
costelas
sabores
para meu discurso
rezo a prece
salvo em prosa
minhas viagens
aniversários
namorados
todos dentro
embrulhados
distribuídos em maços
ao longo dos anos
em busca do tempo
realizo meus discursos
inventados
me iludindo um pouco mais
virado
discurso ao contrário
distraio olhando
penso concentrado
meu sapato apertado
ventos, paredes
retraio
discurso meu impulso de ficar parado
disponho
de castanheiras
costelas
sabores
para meu discurso
rezo a prece
salvo em prosa
minhas viagens
aniversários
namorados
todos dentro
embrulhados
distribuídos em maços
ao longo dos anos
em busca do tempo
realizo meus discursos
inventados
me iludindo um pouco mais
26 de agosto de 2007
cheirando o universo
acaricie a morte
deixe-a deitar em seu colo
acolha com necessidade e
a inocência do primeiro choro
fique um pouco mais
o tempo de um suspiro
seu instante último
contemple distraído
o inevitável eterno
deixe-a deitar em seu colo
acolha com necessidade e
a inocência do primeiro choro
fique um pouco mais
o tempo de um suspiro
seu instante último
contemple distraído
o inevitável eterno
lambuze a mente, a vida é para ser comida
os objetos se entregam
permanecem inteiros
as paredes encobrem
cheiro da própria pele
os castelos alheios se embelezam
o tempo contempla seu mistério
os objetos se enlaçam
com seus vazios
essa casa, esse mundo
tudo passa
mas gruda na mente
de um corpo
que vive pouco
os objetos se instalam em lugares
que a gente se esquece
por não lembrar como eram
o vazio de antes deles
paredes brancas ou bege
ou outros nomes
a mesma cor
tudo o tempo esquece
ou se cansa de lembrar
os objetos vêem
os observa, se olham
sentenciam
rigidez moral
fixo por natureza
andando ou parado
essa vida já lhe é cara
vender os objetos
derrubar as paredes
furar esses buracos
e entender as sobras
os objetos impõem desejos
percebe estar com sono
os objetos lhe acariciam
riem dos seus delírios
sabem a hora de acordar
no dia seguinte
tomam um copo de leite morno e
vão deitar tranquilos
permanecem inteiros
as paredes encobrem
cheiro da própria pele
os castelos alheios se embelezam
o tempo contempla seu mistério
os objetos se enlaçam
com seus vazios
essa casa, esse mundo
tudo passa
mas gruda na mente
de um corpo
que vive pouco
os objetos se instalam em lugares
que a gente se esquece
por não lembrar como eram
o vazio de antes deles
paredes brancas ou bege
ou outros nomes
a mesma cor
tudo o tempo esquece
ou se cansa de lembrar
os objetos vêem
os observa, se olham
sentenciam
rigidez moral
fixo por natureza
andando ou parado
essa vida já lhe é cara
vender os objetos
derrubar as paredes
furar esses buracos
e entender as sobras
os objetos impõem desejos
percebe estar com sono
os objetos lhe acariciam
riem dos seus delírios
sabem a hora de acordar
no dia seguinte
tomam um copo de leite morno e
vão deitar tranquilos
Morte Escrita
Morri ontem
com a glória
que esperava
sentada e sonolenta
O instante que me atravessa
agora
como um estilete
me deixou inteiro pelo lado de fora
Congelado bom senso que
pariu as dores de minha vida
minha morte
gritos
rebuliços das prosas
dos cadernos brancos
As mortes temem túmulos fechados
e lágrimas verdadeiras
morro por enterrar tanta vida
que morre em mim
com a glória
que esperava
sentada e sonolenta
O instante que me atravessa
agora
como um estilete
me deixou inteiro pelo lado de fora
Congelado bom senso que
pariu as dores de minha vida
minha morte
gritos
rebuliços das prosas
dos cadernos brancos
As mortes temem túmulos fechados
e lágrimas verdadeiras
morro por enterrar tanta vida
que morre em mim
27 de junho de 2007
16 de junho de 2007
Coqueiral
O mar é azul
O mar não tem cor
Os pés molhados
Nas ondas do mar
Não tem cor
O mar não tem cor
Não tem cheiro
O mar é um desejo
E o desejo é do tamanho
Do mar
O mar é mais frio
Que um beijo
E o amor é maior
Que o mar
Pra quem conhece
O mar não tem tamanho
No abraço quem mede
Acaba numa onda
Na primeira onda
A única onda
O mar não tem medida
Não tem gosto
O sal não é o mar
O mar é maior
Do que eu posso
Escrever
O mar não tem cor
Os pés molhados
Nas ondas do mar
Não tem cor
O mar não tem cor
Não tem cheiro
O mar é um desejo
E o desejo é do tamanho
Do mar
O mar é mais frio
Que um beijo
E o amor é maior
Que o mar
Pra quem conhece
O mar não tem tamanho
No abraço quem mede
Acaba numa onda
Na primeira onda
A única onda
O mar não tem medida
Não tem gosto
O sal não é o mar
O mar é maior
Do que eu posso
Escrever
A Fila
Ônibus passando
Gente falando
O filme vai começar
Pipoca estourando
Um homem gritando
A cerveja vai acabar
A fila apressada
Não para
De esperar
O sinal vermelho
A criança agita
O filme vai começar
A buzina incomoda
A criança chora
O filme vai demorar
A perna coça
Um outro olha
O filme vai demorar
O filme começa
E tudo pode
Esperar
Gente falando
O filme vai começar
Pipoca estourando
Um homem gritando
A cerveja vai acabar
A fila apressada
Não para
De esperar
O sinal vermelho
A criança agita
O filme vai começar
A buzina incomoda
A criança chora
O filme vai demorar
A perna coça
Um outro olha
O filme vai demorar
O filme começa
E tudo pode
Esperar
A Fome É um Retrato
Ninguém morre de fome
Só morre quem tem nome
Qual a fome de quem some
no primeiro parto?
Só come quem tem nome
pra repetir o prato
De longe
A fome
É só um nome
Um retrato
Releia o manual
que não dizia:
não é falta de educação
falar de boca cheia
mas de barriga vazia
A fome só diminui
quando mais um
ninguém
é enterrrado
Só morre quem tem nome
Qual a fome de quem some
no primeiro parto?
Só come quem tem nome
pra repetir o prato
De longe
A fome
É só um nome
Um retrato
Releia o manual
que não dizia:
não é falta de educação
falar de boca cheia
mas de barriga vazia
A fome só diminui
quando mais um
ninguém
é enterrrado
28 de maio de 2007
23 de maio de 2007
507
Nessa mata de zinco
assassino o que sinto
Invento instintos
Alimento o frio
Enchentes de dor e gente
gastando com o asfalto
Silêncio
A buzina acertou o meu cérebro
Ainda bem que não tenho coração
Oferta de cinismo
Pernas abraçam o vento
O mundo passa na janela
O ônibus que me embala
não abala
Vai levando seu mundo
Todos mudos
Cheios
Lotados de vazios
Que extravasam
Despencando gente em pontos
Que ninguém acerta
assassino o que sinto
Invento instintos
Alimento o frio
Enchentes de dor e gente
gastando com o asfalto
Silêncio
A buzina acertou o meu cérebro
Ainda bem que não tenho coração
Oferta de cinismo
Pernas abraçam o vento
O mundo passa na janela
O ônibus que me embala
não abala
Vai levando seu mundo
Todos mudos
Cheios
Lotados de vazios
Que extravasam
Despencando gente em pontos
Que ninguém acerta
18 de maio de 2007
10 de maio de 2007
8 de maio de 2007
Metade Inteira
Generosa metade que me invade
A sua sai tarde
Para a minha cedo chegar
Inteira
Sem a sua
Minha metade vira meia
Metades unidas ao céu
De uma meia lua
Só o amor é inteiro
A sua sai tarde
Para a minha cedo chegar
Inteira
Sem a sua
Minha metade vira meia
Metades unidas ao céu
De uma meia lua
Só o amor é inteiro
Concreto tédio
Tudo acaba em prédio
O terreno
O meu tédio
Em todo canto
Em tudo que sinto
Cimento, concreto
Mais um prédio subindo
Não vou me assustar
Se acordar
E ter um prédio
Em meu lugar
O terreno
O meu tédio
Em todo canto
Em tudo que sinto
Cimento, concreto
Mais um prédio subindo
Não vou me assustar
Se acordar
E ter um prédio
Em meu lugar
6 de maio de 2007
Sexta-feira
O amor come minhas unhas
Quero só roer a dor
Mastigar as madrugadas assistidas
As manhãs frias, dias inteiros
Quero engolir tudo que for de partida
O futuro , os restos do
Que não veio
Nas unhas vou roendo o tempo
Para eu não ser digerida
Quero só roer a dor
Mastigar as madrugadas assistidas
As manhãs frias, dias inteiros
Quero engolir tudo que for de partida
O futuro , os restos do
Que não veio
Nas unhas vou roendo o tempo
Para eu não ser digerida
2 de maio de 2007
22 de abril de 2007
21 de abril de 2007
Busco mágoas
Fresquinhas ou usadas
Pra alugar também serve
Quero desgosto
Pode ser de qualquer um
Até dos que não conheço
Me venham com desgraças
De graça ou na promoção
Joguem em meu quintal
Só o que não presta
Derrubem sobre mim
As dores que nem sentem
Tatuem o rancor
Nas minhas costas
Envenenem o meu café
Pois hoje,
Ninguém me salvará
Meu amor me deixou
Por um lugar distante
Que eu nem sei escrever o nome
Que o mundo venha
Estou só
Fresquinhas ou usadas
Pra alugar também serve
Quero desgosto
Pode ser de qualquer um
Até dos que não conheço
Me venham com desgraças
De graça ou na promoção
Joguem em meu quintal
Só o que não presta
Derrubem sobre mim
As dores que nem sentem
Tatuem o rancor
Nas minhas costas
Envenenem o meu café
Pois hoje,
Ninguém me salvará
Meu amor me deixou
Por um lugar distante
Que eu nem sei escrever o nome
Que o mundo venha
Estou só
15 de abril de 2007
Mais ou Menos
Apenas penso
Apenas menos
Penso
Durmo mais
Quero tudo
Menos mundo
Andar vai
Continuo
Vou profundo
No apenas
Dos muitos
Menos
Durmo pouco
Vem o sono
Durmo mais
Choro comprido
Dia longo
Mais curto
Que um ano atrás
Apenas mais um dia
Menos
Durmo um pouco
Mais
Apenas menos
Penso
Durmo mais
Quero tudo
Menos mundo
Andar vai
Continuo
Vou profundo
No apenas
Dos muitos
Menos
Durmo pouco
Vem o sono
Durmo mais
Choro comprido
Dia longo
Mais curto
Que um ano atrás
Apenas mais um dia
Menos
Durmo um pouco
Mais
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