29 de setembro de 2007

ter a felicidade do segundo
após a dor de dedo

a ambição me pertence

partir agora por vias várias
ter tudo
do despudor
ao nada

ver surdo
o amor na estrada atropelada

ter este tarde que me acompanha
dissolver quadrados
meu mundo abstrato

ter o que me têm
escravizar
jaula, retrato

anestesio meu comando
ali no chão
nessas lascas no rosto passam paisagens
vejo espelhos velhos,
nas ruas
peles lisas

os olhos fraquejam miragens e coisas ao lado
paro em mãos sadias de vontade

esperei muito desse tempo longo
que coroe
e em mim passa

entrego em brancos pêlos minha
dor
mais completa missão do tempo
acolhendo os que em lágrimas descem

11 de setembro de 2007

nudez do papel
virado
discurso ao contrário

distraio olhando
penso concentrado
meu sapato apertado

ventos, paredes
retraio
discurso meu impulso de ficar parado

disponho
de castanheiras
costelas
sabores

para meu discurso
rezo a prece
salvo em prosa
minhas viagens
aniversários
namorados
todos dentro
embrulhados
distribuídos em maços
ao longo dos anos
em busca do tempo

realizo meus discursos
inventados
me iludindo um pouco mais