28 de maio de 2007

Tento

Em vão

Sua mão

Meu corpo

Ter

27 de maio de 2007

Tendo tanto tempo
vou correndo
Dissolver no vento
todo tempo
que penso ter

23 de maio de 2007

507

Nessa mata de zinco
assassino o que sinto
Invento instintos
Alimento o frio
Enchentes de dor e gente
gastando com o asfalto
Silêncio
A buzina acertou o meu cérebro
Ainda bem que não tenho coração
Oferta de cinismo
Pernas abraçam o vento
O mundo passa na janela
O ônibus que me embala
não abala
Vai levando seu mundo
Todos mudos
Cheios
Lotados de vazios
Que extravasam
Despencando gente em pontos
Que ninguém acerta

18 de maio de 2007

Escapa

Retorna, percorre
Vigora o que encobre
Vira
Mistério mundo
Desdobra em terras que busco
Salva do embrulho
Pula por cima
Do meu muro

10 de maio de 2007

Me afogo no fogo
e na antítese
do socorro
Encolho

8 de maio de 2007

Metade Inteira

Generosa metade que me invade
A sua sai tarde
Para a minha cedo chegar
Inteira
Sem a sua
Minha metade vira meia
Metades unidas ao céu
De uma meia lua
Só o amor é inteiro
Vazio
Vago
Viro meu lado magro
Reviro o revirado
Giro ao contrário
Meu corpo inteiro

Vago
Vazio
Do atalha que acho
Agarro o caco estragado
No vazio
Nada vago
Que restou
Piso
Em cada passo
Levo o chão comigo
Desvio do abismo
Para morrer de
Paralelepípedo encravado

Concreto tédio

Tudo acaba em prédio
O terreno
O meu tédio
Em todo canto
Em tudo que sinto
Cimento, concreto
Mais um prédio subindo
Não vou me assustar
Se acordar
E ter um prédio
Em meu lugar

6 de maio de 2007

Sexta-feira

O amor come minhas unhas
Quero só roer a dor
Mastigar as madrugadas assistidas
As manhãs frias, dias inteiros
Quero engolir tudo que for de partida
O futuro , os restos do
Que não veio
Nas unhas vou roendo o tempo
Para eu não ser digerida

2 de maio de 2007

No olhar me emprestou a mão
O beijo
Da carne, o cheiro
A palavra me emprestou a espera
No calor os pêlos, braços, pernas
A voz me emprestou o sonho
E tudo de imprestável que me resta